Quinta-feira, 09 de dezembro de 2012, essa data estava a me atormentar a mais de 3 meses. Eu a queria a mais de dois anos. Eu me arrependi para sempre por tê-la vivido daquele jeito...
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Passei a noite em claro, havia tomado duas capsulas de cafeína, 2 diuréticos e mais dois laxantes, estava ansiosa pois no dia seguinte minha turma iria para um síto, o que significa pouca roupa, piscina...
Não levei biquini, sem chance, eu estava gorda demais para isso, ao menos fui de short, mesmo odiando isso (como já falei), perdi um pouco de peso para faze-lo.
O lugar era lindo, o dia estava quente e de começo me diverti com meus amigos, sabe, vôlei, risadas, brincadeira, ninguém estava ligando muito para o que fazia e falava, saíamos correndo no gramado sem nenhum objetivo certo, estávamos felizes... Mas a 10 minutos atras havia comido a mais no café que foi servido com uma desculpa de querer aproveitar ao máximo o passeio sem fraquezas. Falei que iria no quarto pegar uma pregadeira.
Gostei do banheiro, era bem discreto. Só saiu ácido, minha boca queimou e eu desisti. Frustrada, me cortei duas vezes (levei meu estlete velho) me prometendo que iria ter controle no almoço e aproveitar.
Mas a imagem que eu vi quando voltei foi de todos na piscina. Minha melhor amiga thinspo me olhou e me pediu desculpas pois havia falado que não entraria e ficaria comigo, pensei "tudo bem, meu anjo, você é magra e tem todo direito de ser feliz, por favor seja porque no seu lugar era o que eu faria", eu sorri com sinceridade.
Meu melhor amigo ficante perguntou se estaria bem ele continuar lá, algo pareceido passou pela minha mente. Não iria tira a felicidade daqueles que eu amo por culpas de falta de controle cometidas por mim, o sorriso deles estava tão lindo naquele dia, não queria estragar por nada nesse mundo, mas algo em mim estava crescendo e eu precisava de me refugiar por um período curto, antes que sentissem minha falta.
Cheguei no banheiro. Estava tão vazia que não conseguia chorar, o dia que eu esperava chegou, todos se divertindo e eu daquele jeito... Por que não pude aguentar não ter tido aquelas compulsões? Por que não fui à academia? Por que fui fraca? Por que não estou a nadar naquela água tão boa? Por que não me dediquei mais? Por que? Por que? Porque... talvez seja uma verdadeira perdedora.
Eu comecei a me desesperar, segurava meus cabelos forte, não sabia como extravazar tudo aquilo, não queria que eles sentisse minha falta, buscava só um momento para sentir minha dor, meus dentes rangiam e eu contrai a garganta ao máximo para não emitir sons.
Não queria que tivesse sido tão profundo, só percebi quando senti escorrendo quente dos meus quadris , a tampa do vaso havia formado uma poça de sangue e eu não sentia nem a dor, sete cortes horrendos no total, abaixei a cabeça após a sequencia de fortes golpes e finalmente chorei, deixei meu estilete cair no chão junto dos meus sonhos para aquele dia. Eu perdi.
Dizem que a gente só sabe o quanto é forte quando ser forte é a única opção, eu não tinha escolha a não ser esconder, não sabia se conseguiria.
Limpei com dificuldade aquilo tudo e saí. Coração quebrado, vergonha, ódio, meu short ferindo meus cortes e um sorriso no rosto. Nunca pensei que poderia fazer isso, normalmente não disfarço quando estou mal, mas eu me recusava a fazer daquele dia, um dia menos que o melhor para quem eu amo, meus dois melhores. Ela era magra e ele tem um corpo divino, eles mereciam eu não, eu falhei e somente eu pago por isso.
Então não aguentei o calor, após uma pequena social, subi, arrumei uma blusa de um funcionário de lá e um maio que tinham esquecido, coloquei o maio, o short e a blusa (enoorme pra mim rs) e pulei na piscina. Esqueci do meu cabelo, esqueci da dor insuportável dos meus cortes em reação com o cloro, esqueci do que iam achar, esqueci de tudo e nadei muito, eu redescobri que amo nadar, me sentia leve e livre e meus amigos ficaram melhores ainda... Me senti como uma garota que não se importa mesmo, aquelas que eu tanto admiro.
O momento acabou, minha amiga foi embora, comecei uma compulsão, suportei a viajem de volta (era perto) continuei em casa, miei... saí do banheiro quebrada, após me vestir ansiei por estar de frente às minha teclas, queria falar para o meu teclado o que não poderia pra mais ninguem e chorei, chorei, chorei, enquanto meus dedos faziam das minhas melodias, música de fundo para minha dor, então deitei no sofá e me vinham imagens minhas felizes como magra naquele lugar.
Se eu não tivesse errado tanto não teria isso me torturando todas as noites até hoje. Eu sei agora como o arrependimento dói.
Por trás dos meus sorrisos, das minhas brincadeiras, das minhas atitudes, ninguém saberia de tudo que aconteceu e as coisas têm que ser assim para, de alguma forma, funcionarem.